terça-feira, 11 de março de 2008

Tão tu...




Estranha a vida... estranho os desejos,

Esses que se transformam...


Desejos de se querer, ser, estar, ter, poder,

Algo, alguém, quem...


Estranha a vida com seu destino incerto,

Com seu olhar distante e sempre perto.

Vida que deseja, desejo de viver, que habita a alma,

A busca de outra alma, que a ao longe se reconhecem

E quando próximas se desconhecem...


Estranho olhar de procura... procurar o quê,

Por que, pra quê, pra quem?

A vida é paralela ao sonho, o sonho

É o desejo da realidade, e o que é realidade?


O coração é inquieto, a alma é sedenta e o

Corpo é liberdade, expressividade...

A busca jamais terá fim, mesmo que este chegue,

Virá outra vida para recomeçar a busca insaciável

Que destrói, reconstrói, odeia, ama e corrói.


Tua vida não tem futuro, este é teu impasse.

És do mundo, és insaciável, és cruel e és amável.

Tuas asas imaginárias te levam para além,

Mas só isso não te basta, tens que mostrar para alguém.

Alimenta-te do que lhe é alheio e não

Importa a quem, és forte, és guerreiro e

Não perdes pra ninguém...


Estranha a vida... estranho os desejos,

Esses que se transformam em meio à solidão!

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Paradoxo de mim...


Hoje tenho sonhos mais altos e tempo mais curto

Costas mais largas e caminhos mais estreitos

Gosto mais e possuo cada vez menos, tenho finais de semana demais e os absorvo de menos.

Tenho uma cama maior e sono menor

Tenho mais conhecimento acadêmico e menos conhecimento de mim mesma.

Mais resoluções, mais problemas, menos soluções...


Durmo tarde, acordo tarde e já acordo cansada de uma noite rápida de um dia longo demais.

Começo a ler com entusiasmo e paro pelo descaso...

Como pouco e ainda tenho problemas com a balança.

Peço orientação, oro pouco e às vezes esqueço de agradecer.


Multiplico meu conhecimento e deixo pra depois meus valores

Amo demais... falo demais... odeio demais...

Aprendo a ganhar a vida a cada dia... mas não a uso para nada

Adiciono experiência aos anos, mas eles vão passar...


Já rodei muitos quilômetros em um ônibus, mas não atravesso a rua para dar oi a um vizinho...

Conquistei pessoas por onde passei, mas não conquistei meu espaço na sociedade.

Já fiz coisas boas e coisas boas me fizeram.


Arrumo a casa e freqüentemente desarrumo minha alma...

Divido meu amor, mas não meus conceitos.

Pesquiso mais e a cada dia aprendo menos.

Planejo mais e realizo menos...

Corro contra o relógio, mas não tenho para onde ir.


Irrito-me com freqüência e sonho cada dia mais

Escrevo mais e me comunico menos

Vejo mais pessoas e menos pessoas me vêem...


A tecnologia avança com a mesma velocidade da indiferença

Quanto maiores os prédios, menores as casas

Quanto menores as casas... mais crianças por aí

Mais grades... menos flores nas janelas.


Uma geração de pessoas altas e caráter baixo

Um mundo de globalização e preconceitos

Um dia de alimentos não perecíveis e digestão inadequada

De amores rasos... pequenos demais... inconstantes demais...


Tempo de pessoas em vitrines e pouco conteúdo

Crianças mais espertas... pais mais irresponsáveis...

Dias de famílias menores e solidões maiores

Muitas noticias e pouca informação...

Muitos conhecidos, poucos os amigos

Violência gratuita... tolerância cara... dignidade inexistente...


Vivo dias perfeitos, mas em plena depressão

Danço com a alma, mesmo que o corpo não acompanhe o ritmo

E escrevo para ser lido até o final...

Ou para ser cansativo demais por se parecer contigo...


Não poderia ser mais perfeito...

Não poderia ser mais obsoleto...

Não poderia ser mais eu...